Mostra de cinema comemora 100 anos da Academia Brasileira de Ciência

432

Começou ontem (21) à noite, no Rio, a mostra Cinema e Ciência, ciclo de filmes e debates dedicados às ciências, promovido em parceria pelo Instituto Moreira Salles (IMS), que sedia o evento até o próximo dia 8 de maio, e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

A mostra comemora os 100 anos da ABC, fundada em 3 de maio. As exibições dos filmes serão seguidas de bate-papos com importantes cientistas brasileiros e estrangeiros.

Na sessão de hoje, o filme Uma Breve História do Tempo, de Errol Morris, baseado no livro do físico Stephen Hawking, terá debate com o professor do Instituto de Física Teórica da Universidade Estadual Paulista (Unesp), George Matsas.

Na ABC, a visão predominante é que “todo e qualquer projeto ou iniciativa que possam estimular o interesse da coletividade, da sociedade e dos jovens, principalmente, pela ciência, é de alta importância”, disse à Agência Brasil o professor João Fernando Gomes de Oliveira, vice-presidente da entidade e um dos organizadores da mostra. A ideia foi proposta pelo Instituto Moreira Salles e acatada de imediato pela academia.

Oliveira informou que os cientistas analisarão se os temas científicos tratados nos filmes são factíveis e qual é a porção de ficção ou realidade que eles contêm. “E nesse processo de discussão, tentar gerar um fascínio para as pessoas que vão ao cinema só para se distrair mas que, na verdade, podem ali se interessar mais por ciência”.

Capacidade de motivação

O vice-presidente da ABC ponderou que a capacidade de orientar o desenvolvimento de uma nação está diretamente ligada à capacidade de motivar os jovens nas áreas que são necessárias para o país.”A gente entende que criar estímulos para que os jovens possam gostar de tecnologia, de ciências, pode causar um impacto no futuro muito positivo”. Embora o interesse seja incentivar toda a população a perceber o valor desses ramos do conhecimento, Oliveira insistiu que se o Brasil tiver uma geração mais interessada por ciência e por tecnologia, “isso, certamente, vai ser bom para o país, que precisa tanto agregar valor a seus produtos e ter uma cultura do valor do conhecimento no momento em que a sociedade é movida pelo conhecimento”.

Ele destacou que iniciativas como a Olimpíada Brasileira de Matemática ou a Olimpíada Brasileira de Astronomia são apoiadas pela ABC e por outras instituições de pesquisa. A ideia do IMS, em especial, foi considerada “genial” pela direção da ABC, porque os especialistas da entidade têm muitas histórias de como a criatividade do cinema influenciou também na ciência. Muitos cientistas se inspiraram em filmes de ficão para propor teorias ou ideias. O próprio João Fernando Gomes de Oliveira é um deles. Após assistir ao filme Contato, adaptado do romance de mesmo nome escrito por Carl Sagan e dirigido por Robert Zemeckis, ele conseguiu desenvolver uma patente sobre análise de sinais para controle de máquinas em ambientes industriais.

“O cinema tem uma capacidade criativa motivadora para explicar os seus caminhos que eu acho que, muitas vezes, tem uma base muito forte e oportunidades reais na ciência também. E vice-versa”. Observou que o cinema também explora o fascínio da ciência para gerar entretenimento. Por isso, disse que a oportunidade de juntar cientistas e filmes é especial porque coloca as duas coisas na prática, em uma mesma sala. Acrescentou ainda que a inspiração do cinema nas coisas do futuro está relacionada à percepção que os cineastas têm do interesse das necessidades das pessoas, “o que é um guia importante para se escolher o que se vai pesquisar na ciência”.

A coordenadora do Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL), Mayana Zatz, debaterá o filme Gattaca – Experiência Genética, de Andrew Niccol, no dia 7 de maio. A exibição do filme está programada para as 14h. A programação do ciclo inclui documentários e ficções que abordam desde a biologia marinha até a física nuclear, abrangendo até  obras em 35 milímetros e inéditas no país, como os curta-metragem dirigidos pelo francês Jean Painlevé (1902-1989), informou a assessoria de imprensa do IMS. (Alana Gandra)

Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br