Preços de alimentos recuam forte no atacado

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A inflação agrícola próxima de zero no atacado, observada na primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de outubro, quando o IPA de produtos agrícolas desacelerou de 2,22% para 0,05%, abre espaço para preços menores nos alimentos do varejo até o fim do ano, na avaliação do superintendente adjunto de inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) Salomão Quadros.

Os preços em baixa dos itens agropecuários, diz ele, devem ser repassados para os derivados no varejo.

A primeira prévia do IGP-M de outubro mostrou que a inflação desacelerou para 0,85%, vindo de 1,02% em setembro. Esse recuo veio do menor aumento das matérias-primas brutas agropecuárias atacadistas (de 3,48% para 0,73%) no período, provocada principalmente pela diminuição na variação de preço da soja (de 9,72% para 0,01%). Quadros explicou que, assim como foi observado no IGP-DI de setembro, a inflação desse produto perdeu força devido à diminuição de incertezas em relação ao resultado da safra norte-americana – cuja colheita deve se encerrar no final de outubro. Isso melhorou as expectativas de oferta do item, levando a uma alta menos intensa, na prévia anunciada ontem.

A soja não foi o único item agrícola a mostrar desaceleração de preços no atacado. Foram observadas taxa de inflação menos intensa em trigo (de 4,07% para 2,84%) e retorno à deflação em milho (de 1,02% para -2,04%) de setembro para outubro. Esses três itens têm cadeia de derivados expressiva no varejo – o que pode favorecer um enfraquecimento mais intenso na inflação dos alimentos no varejo até o fim de 2013. “Em um primeiro momento, os preços dos alimentos podem subir, em meados de outubro, porque as carnes no atacado estão em alta; mas em um segundo momento, com a soja, o milho e o trigo em baixa, isso deve favorecer preços menores dos alimentos [no varejo]”, resumiu.

Na avaliação da Tendências Consultoria, os produtos agropecuários vão subir em outubro menos que em setembro, mas a desaceleração não será tão forte como mostrado na primeira prévia do IGP-M. A brusca descompressão, segundo a economista Adriana Molinari, da Tendências, está relacionada à metodologia do indicador, focada nos últimos dez dias do mês. “Como em setembro tivemos uma elevação de preços muito forte em produtos agrícolas, o IGP-M daquele mês formou uma base de comparação alta. Por isso, o avanço nos últimos dez dias de setembro foi pequeno”, diz ela.

No decorrer de outubro, diz a economista da Tendências, será possível verificar uma desaceleração nos alimentos no varejo, mas não na magnitude apontada pela primeira prévia do IGP-M. Sua expectativa é de elevação de 0,70% nos produtos agropecuários no IGP-M de outubro e altas inferiores a 1% em novembro e dezembro.

“A descompressão nos preços dos alimentos que começa a aparecer no atacado refletirá no varejo somente no fim do ano, mas nesse momento o consumidor verá a alta nos produtos in natura, que é típica dessa época. Por isso, no varejo, não há a expectativa de desaceleração nos preços dos alimentos”, comenta Adriana.

Fonte: Força Sindical