Para OCDE, mercado de trabalho brasileiro é ruim para os jovens

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A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentará na terça-feira em Brasília um diagnóstico pouco otimista do mercado de trabalho dos jovens no Brasil a partir de comparação internacional, no primeiro relatório desse tipo que faz abordando economias emergentes. A entidade vai propor uma série de medidas ao governo para estimular a transição entre escola e trabalho, incluindo redução dos custos para as empresas contratarem, estabelecimento de salário mínimo para jovens e abrandamento de regras sobre uso de trabalho temporário.

Conforme o Valor apurou, a OCDE observa que, apesar da queda continuada do desemprego no Brasil, os jovens no país enfrentam dificuldades significativas no mercado de trabalho, levando em conta comparações internacionais. A entidade calcula ser três vezes mais provável que um jovem brasileiro esteja desempregado do que um adulto, a proporção que não está nem empregada nem recebendo educação ou treinamento é mais alta dos que na média dos países membros da OCDE (desenvolvidos); a qualidade dos empregos dos jovens costuma ser baixa no país; a rotatividade é alta: e fortes desigualdades persistem em termos de gênero, geografia e raça.

“Com uma acentuada desaceleração da atividade econômica no Brasil nos últimos dois anos, esses desafios devem crescer em importância”, avalia a OCDE, no estudo. Ela reconhece que o Brasil tem feito esforços importantes e “louváveis” para melhorar o acesso a educação, treinamento e qualidade, com grandes aumentos em financiamentos, alocação mais equitativa de recursos para atrair melhores professores e mais incentivos para os jovens frequentarem a escola.

Apesar desse “progresso significativo”, a entidade julga que a situação continua a ser insuficiente para que os jovens tenham um bom começo no mercado de trabalho. Do lado da oferta, estima que gastos em educação no Brasil, como proporção do PIB, permanecem baixos para padrões internacionais. Elogia a recente decisão de alocar grande parcela de royalties do petróleo para educação, mas alerta que será preciso garantir melhor distribuição do dinheiro geograficamente e em diferentes níveis educacionais, além de maior eficiência nos gastos.

Para a OCDE, a qualidade da educação no Brasil permanece “importante razão de preocupação”, o currículo carece de relevância para muitos alunos em parte por causa da baixa proporção da formação profissional, e destaca que o numero de repetências é alto no país.

O estudo elogia programas destinados a jovens, como o ProJovem, mas destaca que no Brasil essas iniciativas tendem a estar dispersas e mal-coordenadas e poucos conhecem sua existência.

Como resposta a essa situação, a OCDE apresentará em Brasília três recomendações: primeiro, aumentar os gastos em especial para reduzir a taxa de evasão escolar e garantir estágios estruturados. Segundo, estimular empresas a contratar jovens, por exemplo, com fixação de salário mínimo para esse segmento. E terceiro, criar uma “janela única”, para oferecer assistência para os jovens obterem assistência adicional para começar a trabalhar.

Fonte: Força Sindical