Taxa de desemprego no país ficou em 8,3% no segundo trimestre, a maior da série histórica

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Frente ao mesmo período de 2014, desemprego subiu em todas as regiões e população desocupada cresceu 23%, para 8,4 milhões, segundo Pnad Contínua, do IBGE

A taxa de desemprego no país ficou em 8,3% de abril a junho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, que apresenta dados para todos os estados brasileiros. A taxa é a maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. No segundo trimestre de 2014, o desemprego tinha sido de 6,8%. Frente ao segundo trimestre do ano passado, o desemprego subiu em todas as regiões.

A população desocupada no país chegou a 8,4 milhões de pessoas, o que representa uma alta de 5,3% frente ao trimestre imediatamente anterior. Na comparação com 2014, o aumento é de 23,5%, ou 1,587 milhão de pessoas a mais nesse grupo frente ao segundo trimestre de 2014. Já a população ocupada era de 92,2 milhões de pessoas, estável em relação ao trimestre anterior e ao segundo trimestre de 2014.

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A força de trabalho — que considera quem está trabalhando e quem está em busca de trabalho — chegou a 100,566 milhões de pessoas no segundo trimestre, um aumento de 1,747 milhão de pessoas frente ao segundo trimestre de 2014 (1,8%) e de 609 mil pessoas (0,6%) em relação ao primeiro trimestre. Já a população ocupada se manteve estável nas duas comparações, segundo o IBGE. Isso significa que aumentou a parcela daqueles em busca de emprego, o que pressiona o mercado de trabalho e ajuda a elevar a taxa de desemprego.

— Temos um aumento da taxa de desocupação em função da maior procura e uma geração de trabalho que não atende isso. Houve até geração de postos de trabalho, mas inferior ao necessário para manter o desemprego estável. A população ocupada está estável e tem uma pressão maior do mercado de trabalho — afirmou o coordenador das pesquisas de emprego do IBGE, Cimar Azeredo.

O emprego com carteira assinada recuou no país: o total de trabalhadores nesse grupo caiu 2,6% em relação ao segundo trimestre de 2014, ou quase um milhão de pessoas a menos (971 mil). Ao todo, eram 35,909 milhões de trabalhadores. Ao mesmo tempo, quase um milhão de pessoas (989 mil) passou a fazer parte dos que trabalham por conta própria, uma alta de 4,7% em relação ao segundo trimestre de 2014.

RETROCESSO NO MERCADO DE TRABALHO

Para Azeredo, o movimento que se vê hoje é semelhante ao que se viu em 2003:

— Hoje se vive um período muito similar ao que viu lá atrás, em 2003, com aumento da taxa de desocupação, estabilidade na população ocupada e aumento principalmente desse grupo dos conta própria. São características similares à divulgação da Pesquisa Mensal de Emprego e da Pnad em 2003.

A piora no mercado também pode ser observada na queda da renda dos trabalhadores do setor privado sem carteira assinada. Esse montante foi de R$ 1.039 no segundo trimestre, 4,9% menor que no segundo trimestre de 2014, ou R$ 54 a menos. Na comparação com o primeiro trimestre, o recuo foi de 4,4%.

Quase 40% (38,7%) das pessoas em idade de trabalhar estavam fora da força de trabalho no segundo trimestre, ou seja, não estavam trabalhando nem buscando trabalho no período. Daqueles fora da força de trabalho, 35,1% eram idosos (pessoas com mais de 60 anos), enquanto aqueles com menos de 25 anos representavam 28,8% do total.

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Azeredo reconhece que pode haver mais pressão no mercado de trabalho daqui para a frente. O total de trabalhadores com carteira assinada caiu em quase um milhão de trabalhadores frente ao segundo trimestre do ano passado. São trabalhadores que tinham acesso a benefícios trabalhistas como o seguro-desemprego e o FGTS.

— Tem parcela dessa população que já foi para o mercado, está inserida como conta própria, ou como empregado sem carteira, ou fez concurso público. Ela se movimentou. E tem a parcela que está sob essa rede de proteção. (…) Em algum momento, se o cenário não se modificar, ou seja, se a desocupação continuar aumentando e a carteira continuar caindo, isso pode ter daqui a pouco (pressão no mercado de trabalho).

No segundo trimestre do ano, o rendimento médio do trabalhador brasileiro ficou em R$ 1.882, o que representa uma queda 0,5% em relação ao primeiro trimestre e alta de 1,4% na comparação com o segundo trimestre de 2014. Segundo o IBGE, no entanto, esse resultado foi considerado estável nas duas comparações. A massa de rendimento dos trabalhadores foi de R$ 167,905 milhões no segundo trimestre, o que segundo o IBGE sugere estabilidade frente ao trimestre anterior (R$ 168,398 milhões) e ao segundo trimestre de 2014 (R$ 165,229 milhões).

EMPREGO COM CARTEIRA FICA ESTÁVEL

Segundo o IBGE, a parcela dos trabalhadores no setor privado com carteira de trabalho assinada chegava a 78,1% no segundo trimestre, ou seja, estável frente ao segundo trimestre de 2014.

O movimento, no entanto, sugere piora do mercado. Nos dois anos anteriores, o emprego com carteira assinada – com garantia dos direitos trabalhistas – tinha avançado. Na passagem entre 2013 e 2014, houve aumento de 1,7 ponto percentual, enquanto entre 2012 e 2013 essa alta foi de 0,9 ponto percentual.

Em um sinal da desaceleração do mercado de trabalho, o nível de ocupação caiu de 56,9% no segundo trimestre de 2014 para 56,2% no segundo trimestre de 2015. O indicador mede a parcela da população ocupada em relação à população e em idade de trabalhar.

Todas as regiões do país registraram alta da taxa de desemprego frente ao segundo trimestre do ano passado. Entre as unidades da federação, o maior desemprego foi na Bahia, de 12,7%, enquanto Santa Catarina registrou a menor taxa, de 3,9%.

SÃO PAULO TEM DESEMPREGO RECORDE

O desemprego no Rio de Janeiro subiu para 7,2% no segundo trimestre do ano, frente a 6,4% no segundo trimestre de 2014 e 6,6% no primeiro trimestre de 2015. É a maior taxa para um trimestre desde o primeiro trimestre de 2013, quando também alcançou 7,2%. Em São Paulo, o principal mercado de trabalho no país, o desemprego alcançou 9% no segundo trimestre, o maior da série histórica iniciada em 2012.

O Nordeste é a região com a maior taxa de desemprego, de 10,3%, frente a 8,8% no segundo trimestre de 2014. Todas as regiões registraram aumento na taxa entre o segundo trimestre de 2014 e o segundo trimestre de 2015: Norte (7,2% para 8,5%), Sudeste (6,9% para 8,3%), Sul (4,1% para 5,5%) e Centro-Oeste (5,6% para 7,4%).

No primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego pela Pnad Contínua foi de 7,9% — a maior para o período desde 2013. Já no trimestre encerrado em maio ficou em 8,1%, até então o maior da série histórica da pesquisa, tendo sido superado agora. Entre abril e junho de 2014, o desemprego ficou em 6,8%.

Pela Pesquisa Mensal do Emprego (PME), a taxa de desemprego subiu para 7,5% em julho, o pior resultado para o mês desde 2009. Os dados da PME são resultado de entrevistas em seis regiões metropolitanas: Rio, São Paulo, Recife, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.

Já o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho apontou que foram fechados quase 158 mil postos de trabalho formal no mês de julho, com demissão em quase todos os setores: a única exceção foi agricultura.

Os dados da Pnad contínua são calculados mensalmente com informações coletadas no trimestre encerrado no mês de referência, para todos os estados brasileiros. Para as informações de junho, são considerados os dados de abril, maio e junho.

// Fonte: Força Sindical