Uma em cada cinco casas brasileiras não tem renda proveniente de trabalho

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O golpe de 2016, liderado por Michel Temer, Eduardo Cunha e Aécio Neves, os três políticos mais rejeitados do Brasil, provocou a maior taxa de desemprego da nossa história.

Foto: Cesar Itiberê / Fotos Públicas

O golpe de 2016, liderado por Michel Temer, Eduardo Cunha e Aécio Neves, os três políticos mais rejeitados do Brasil, provocou um dado estarrecedor: Um em cada cinco domicílios (21,8% do total) não tinha renda fruto do trabalho (formal ou informal).

No segundo trimestre deste ano, o Brasil tinha 15,2 milhões de lares onde ninguém trabalhava, 2,8 milhões a mais do que no mesmo período de 2014 – um incremento de 22%.

O levantamento foi feito a pedido do Valor pelos pesquisadores Samuel Franco e Suiani Febroni, do Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade (Iets) e da Oportunidades, Pesquisa e Estudos Sociais (OPE Sociais), a partir dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“A crise colocou muitos chefes de família para fora do mercado de trabalho. Em muitos lares, cônjuges e filhos também foram demitidos. Membros da família tiveram que buscar emprego para recompor a renda, mas poucos conseguiram. Esse é o motivo mais provável para o resultado da pesquisa. São lares que estão agora sem renda do trabalho e que passam por um momento difícil”, diz Franco.

De acordo com o IBGE, 2,6 milhões de pessoas perderam seus empregos entre o fim de 2014 e o segundo trimestre deste ano. Nesse período, a taxa de desemprego nacional passou de 6,5% para os atuais 13% da força de trabalho. O país tinha 13,5 milhões de pessoas desempregadas no segundo trimestre, mais do que o dobro apurado pelo instituto nos três últimos meses de 2014 (6,4 milhões).

No entanto, o número total de pessoas sem renda do trabalho é maior, porque há aqueles que apesar de estarem sem emprego não estão sequer procurando e ainda aqueles que vivem de outras rendas, incluindo aí os aposentados e pensionistas; além daqueles que recebem benefícios de programas de transferência de renda. Segundo o IBGE, o país tinha 64 milhões de pessoas fora da força de trabalho no segundo trimestre.

Segundo o levantamento, a crise foi mais cruel para as famílias mais pobres. No segundo trimestre, não havia ninguém empregado em 12% dos lares em que o chefe de família cursou o ensino superior (1,4 ponto percentual a mais que o verificado no segundo trimestre de 2014). Quando o chefe de família tem o ensino fundamental incompleto, a proporção era de 32% (cinco pontos acima de 2014).

Para os pesquisadores, as estatísticas mostram, assim, a importância dos programas de transferência de renda em momentos de crise no mercado. “O indicador chama atenção para a importância do funcionamento eficiente das políticas assistenciais, de forma que as famílias que perderam sua fonte de renda possam se manter até recuperar a situação ideal”, diz Franco.

O quadro mais drástico está na região Nordeste. Dos domicílios nordestinos, 27,2% (cerca de 5 milhões de lares) não têm ninguém empregado. A situação é pior em Alagoas: 35% dos lares no Estado não têm renda do trabalho. O resultado tem origem nos problemas crônicos da região (baixa escolaridade, falta de oportunidades), agravados pela crise econômica.

As estatísticas menos desfavoráveis estão na região Norte (16,8%), segundo a pesquisa. No Sudeste, a proporção é bem próxima da média nacional: 20,6%. No Estado de São Paulo, o indicador está em 18,7% – mais alto que no primeiro trimestre (18,6%) e em processo de piora desde o fim de 2016. São 2,9 milhões de famílias paulistas sem ninguém empregado.

Fonte: Revista Fórum